domingo, 22 de novembro de 2015

Auto limite como parte do caminho para a satisfação pessoal

O texto abaixo foi elaborado por mim para o desenvolvimento do tema com colegas de trabalho no setor da saúde.
Pesquisei bastante sobre o tema, e por isso resolvi deixar aqui mais uma referência na contribuição do assunto.
Se lhe for útil, fique à vontade para reproduzir, desde que mencione a autoria e o link de postagem:
Abimara Goulart - blogdabia.com


Auto limite como parte do caminho para a satisfação pessoal
Abimara Goulart
Ano acabando, meses que não se viu passar, dias corridos, horas insuficientes e minutos cheios de problemas a resolver.
Reclamações de todos os lados: de clientes (pacientes), de chefes e fornecedores, passamos nós mesmos a reclamar. A insatisfação parece tomar conta do ambiente. A terrível sensação de que "por mais que se faça, nada está bom" também toma conta de nós.
Abordando o assunto de maneira prática e bastante objetiva: há por detrás desses elementos todos elencados acima uma coisa em comum. Com certeza há algum padrão que se repete, pois as ações e reclamações são bastante comuns e generalizadas.
Se gastarmos toda a paciência no trabalho, não sobrará nada para quando chegarmos em casa. Se gastarmos todo o salário na compra de uma única calça jeans, nada haverá para comermos durante o mês. E se acabarmos com a água do planeta, nenhum de nós sobreviverá para contar a história da humanidade.
As coisas têm limite, a natureza tem limite, as pessoas têm limite. Somos limitados em força, em altura, em agilidade. Não enxergamos luzes de infra vermelho, não ouvimos alguns sons que os cachorros escutam. E isso não é bom ou ruim, apenas é.
Contudo, parece que não compreendemos bem essa lógica quando forçamos nosso organismo a realizar coisas que não nos fará bem, ou quando nos expomos à situações psicologicamente difíceis de maneira fragilizada, levando tanto em um quanto em outro caso, ao estresse.
Comer demais, além da conta é um exemplo de falta de limite interno. O corpo tem a inteligência que avisa o seu limite: o sinal de que estamos satisfeitos. Quem consegue respeitar esse sinal, dispensando a sobremesa depois de um almoço delicioso? Talvez se a pessoa não gostar muito de doce seja mais fácil. Quem consegue respeitar esse sinal quando se tem ainda no prato "apenas um pouco" das batatas fritas que se estava comendo?
Muitas, mas muitas vezes mesmo nos guiamos pelos limites externos e não internos. No caso de comer, por exemplo: num restaurante, se houver a plaquinha "cada cliente tem direito a servir-se apenas uma vez da sobremesa", a pessoa enche o pote uma vez e senta. Já se for livre, possivelmente a pessoa coma mais do que o necessário, porque não tem o ponto de equilíbrio no limite interno, e sim no externo. Se é permitido pegar mais de uma vez, é o que a pessoa fará. O regulador está para fora do ser.
O perigo de deixarmos o regulador de nossos limites para fora de nós é a total falta de controle que passamos a ter de nós mesmos e de nossas escolhas. E passaremos por consequências nem sempre conhecidas, esperadas e muito menos desejáveis. No exemplo da comida, o efeito será evidente na desregulação da saúde, no ganho de peso, etc.
Quem come até ver o fim da comida, quem fuma até ver o fim da carteira de cigarros, quem briga até ver o fim do relacionamento, quem provoca até ver o fim do respeito, não está usando do seu poder de pôr um limite antes.
Conhecer-se a si mesmo, perceber como funciona melhor o corpo, quais as situações precisa evitar para não se enervar, como pode fazer para se sair de situações difíceis e manter o equilíbrio depois é fundamental para que consigamos entender e posicionar nossos limites.
Limite não é ruim, ou viveríamos a barbárie. Limite interno como aquele respeito que merecemos dar a nós mesmos. Saber o que queremos, como aguentamos melhor o dia a dia, fazer nossas escolhas e respeitar. Quem se respeita e se valoriza, externaliza isso e em troca recebe mais respeito dos outros, justamente por ter feito a si mesmo primeiro.
No trabalho ou em casa: não dá para assumir todas as tarefas do mundo, e muito menos para assumir as tarefas que são de responsabilidade de outra pessoa. Quando a gente faz pelo outro, tira a chance dele fazer.
Às vezes nos pegamos emocionalmente envolvidos em situações difíceis que outras pessoas estão passando. Se estivermos fortalecidos internamente, a consequência é que estaremos com a cabeça no lugar para ajudar, e saberemos o que fazer que realmente, se será uma ajuda útil para a pessoa, e não apenas para nos livrar do mal estar de pensar na situação. Saberemos nossos limites, tanto financeiros quanto psicológicos para construirmos uma ponte entre nós e a pessoa, e não acabarmos indo para a mesma ilha que ela.
Trabalhar no setor da saúde, e ainda mais em contato direto com os pacientes, exige bastante preparo. Todas as pessoas que vem até aqui têm uma questão, uma queixa: uma dor de dente, febre, dificuldade para respirar, precisa que a levem para uma consulta em outra cidade, está transtornada psicologicamente, sofreu um acidente com impacto ou está numa emergência.
Ela vem buscar auxílio, e quem se propôs a trabalhar aqui precisa estar pronto para oferecer esse auxílio. E só pode dar quem tem. "Ninguém dá a outrem aquilo que não tem". Pode ser que o outro solicite e demande muito mais de nós do que nos propomos, pode ser que o outro não esteja sendo respeitoso conosco quando lhes passamos as informações, do tipo "precisa agendar, o doutor está numa emergência", etc. E quem não está fortalecido com seus limites internos, tem grande chance de sair machucado da situação, pois bastará o outro vomitar suas reclamações, que a pessoa puxa tudo para si, e se contamina.
Fazer as próprias escolhas, reconhecer seus limites de tolerância e respeitar a si mesmo são atitudes que trazem uma satisfação muito grande, então quando se propor a colocar e respeitar seus limites próprios, que seja feito com a alegria de quem está no controle de si, de quem busca o equilíbrio interno.
Dizer NÃO é importantíssimo quando temos um objetivo a alcançar; o que nos desvia de nosso foco merece receber nosso 'não' de maneira consciente, educada e gentil. Quando sabemos onde queremos chegar, fica mais claro o caminho a percorrer, os atalhos válidos e os desvios que devemos evitar. Viver respeitando a si mesmo, leva a resultados mais desejosos, muitas vezes que idealizamos.
Mas, se ao contrário, temos dificuldade de dizer "não" de maneira consciente, pode ser pelo quanto estamos perdidos e sem saber que rumo tomar, pode ser porque temos a necessidade de sermos "bonzinhos" e queridos, e tememos que um "não" quebre essa frágil relação, há quem pense que um "não" irá agredir o outro. Se for dito de maneira agressiva, pode até ser. Mas se dito de maneira gentil e ajudando o outro a procurar novas alternativas, é bem vindo. Se vivermos procurando atender todos os desejos do outro, nos sentimos desgastados e invadidos em nossas necessidades. Pessoas com necessidade de autoafirmação tendem a se sentir feridas, frustradas e ansiosas, e a longo prazo, com raiva de si mesmo e dos outros.
Há quem não consiga dizer não pela "culpa" que sentirá depois, quando ver o outro chateado. A culpa surge da impressão de que somos os causadores de um dano indevido na outra pessoa. E isso leva muitas pessoas a agirem além da conta, inclusive fazendo pelo outro o que seria papel e função importantes para ele se desenvolver como pessoa.
A análise primordial a ser feita é: tenho responsabilidade nisso ou com isso? Posso ser útil com o quê nesse processo?
E quando sabemos que estamos optando por uma coisa errada, que queríamos fazer diferente, que aquilo nos prejudicará em alguma instância, que vai nos sugar as energias, e ainda insistimos?
Saber e viver - felizes - com nossos limites nos deixa mais livres para realizar as coisas com sucesso, sem carregar culpa por não estarmos fazendo tudo para todos. Conscientes de nossos limites, podemos mais, e não menos.
Dizer sim para uma coisa, é necessariamente dizer não para outras, e o contrário também acontece: quando dizemos não para algo, é um grande sim para outras possibilidades.
Fazer as próprias escolhas, colocar o regulador interno para funcionar, ajustar consigo um pacto de vida feliz, amplifica nossas chances de satisfação. Se deixar para o outro, o limitador externo, aumentamos muito a chance de frustração. Nada e ninguém conseguirá nos agradar o suficiente, não como gostaríamos, e isso abre portas para um processo de tristeza emocional profunda.
"Dizer sim quando quero dizer não é dar mais valor aos outros do que a mim, é não colocar meus limites, e isso é não me respeitar. É o mesmo que dizer que o que eu sinto não vale nada, que os outros podem passar por cima de mim à vontade. E eles passam, sem dó nem piedade.
Hoje estou aprendendo a dizer não. Quando não quero alguma coisa, simplesmente digo não. Sem raiva nem emoção. Um não é só uma negativa. É nosso limite. Um direito que temos de decidir o que desejamos ou não fazer. A isso se dá o nome de dignidade. Quando nos colocamos com sinceridade, dizendo o que sentimos, somos respeitados."                                                                            Zíbia Gasparetto
A vida é o caminho, tudo está no caminho. Temos o ponto de chegada e partida como certeza, e todos eles são a nossa inexistência aqui: antes de nascer e depois de morrer, não há a vida da maneira que conhecemos. Então vamos aproveitar esse caminho, essa viagem.
Sugiro realizarmos uma lista da gratidão, onde coloquem TUDO, tudo o que se lembrarem de coisas às quais são gratos. Faça a lista o mais detalhado possível: sou grat@ por ter alimento, sou grat@ por ter fome, sou grat@ por ter dentes, sou grat@ ... etc. Reconhecer o que somos, temos e fazemos nos traz de volta à consciência e nos aproxima de nossa essência.
 Com relação ao trabalho especificamente, sugiro um exercício capaz de nos realinhar com nosso propósito inicial de termos aceitado essa condição. Porque, se todos estamos aqui, um dia desejamos e/ou aceitamos essa condição.
Pergunte-se o porquê de ter escolhido essa opção.
Veja se ainda identifica-se com esse porquê. (às vezes tínhamos um sonho e necessidade que já foram supridos e/ou realizados durante esse tempo)
Após análise, reafirme seu compromisso ou passe a buscar novos rumos.
E - enquanto isso - realize dignamente o trabalho. Com a gratidão de tê-lo, enxergando sua utilidade na manutenção de suas possibilidades diárias: financeiras, de contato com outras pessoas, de aprendizados para a vida.

 Sugestões de leitura e apoios para pesquisa: http://www.dialogopsi.com.br/voce-sabe-dizer-nao/

http://cocacolaquente.blogspot.com.br/2013/05/limites-pessoais.html?m=1

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