Pesquisei bastante sobre o tema, e por isso resolvi deixar aqui mais uma referência na contribuição do assunto.
Se lhe for útil, fique à vontade para reproduzir, desde que mencione a autoria e o link de postagem:
Abimara Goulart - blogdabia.com
Auto limite como parte do caminho para a
satisfação pessoal
Abimara
Goulart
Ano
acabando, meses que não se viu passar, dias corridos, horas insuficientes e
minutos cheios de problemas a resolver.
Reclamações
de todos os lados: de clientes (pacientes), de chefes e fornecedores, passamos
nós mesmos a reclamar. A insatisfação parece tomar conta do ambiente. A
terrível sensação de que "por mais que se faça, nada está bom" também
toma conta de nós.
Abordando
o assunto de maneira prática e bastante objetiva: há por detrás desses
elementos todos elencados acima uma coisa em comum. Com certeza há algum padrão
que se repete, pois as ações e reclamações são bastante comuns e generalizadas.
Se
gastarmos toda a paciência no trabalho, não sobrará nada para quando chegarmos
em casa. Se gastarmos todo o salário na compra de uma única calça jeans, nada
haverá para comermos durante o mês. E se acabarmos com a água do planeta,
nenhum de nós sobreviverá para contar a história da humanidade.
As
coisas têm limite, a natureza tem limite, as pessoas têm limite. Somos
limitados em força, em altura, em agilidade. Não enxergamos luzes de infra
vermelho, não ouvimos alguns sons que os cachorros escutam. E isso não é bom ou
ruim, apenas é.
Contudo,
parece que não compreendemos bem essa lógica quando forçamos nosso organismo a
realizar coisas que não nos fará bem, ou quando nos expomos à situações
psicologicamente difíceis de maneira fragilizada, levando tanto em um quanto em
outro caso, ao estresse.
Comer
demais, além da conta é um exemplo de falta de limite interno. O corpo tem a
inteligência que avisa o seu limite: o sinal de que estamos satisfeitos. Quem
consegue respeitar esse sinal, dispensando a sobremesa depois de um almoço
delicioso? Talvez se a pessoa não gostar muito de doce seja mais fácil. Quem
consegue respeitar esse sinal quando se tem ainda no prato "apenas um
pouco" das batatas fritas que se estava comendo?
Muitas,
mas muitas vezes mesmo nos guiamos pelos limites externos e não internos. No
caso de comer, por exemplo: num restaurante, se houver a plaquinha "cada
cliente tem direito a servir-se apenas uma vez da sobremesa", a pessoa
enche o pote uma vez e senta. Já se for livre, possivelmente a pessoa coma mais
do que o necessário, porque não tem o ponto de equilíbrio no limite interno, e
sim no externo. Se é permitido pegar mais de uma vez, é o que a pessoa fará. O
regulador está para fora do ser.
O
perigo de deixarmos o regulador de nossos limites para fora de nós é a total
falta de controle que passamos a ter de nós mesmos e de nossas escolhas. E
passaremos por consequências nem sempre conhecidas, esperadas e muito menos
desejáveis. No exemplo da comida, o efeito será evidente na desregulação da
saúde, no ganho de peso, etc.
Quem
come até ver o fim da comida, quem fuma até ver o fim da carteira de cigarros, quem briga
até ver o fim do relacionamento, quem provoca até ver o fim do respeito, não
está usando do seu poder de pôr um limite antes.
Conhecer-se
a si mesmo, perceber como funciona melhor o corpo, quais as situações precisa
evitar para não se enervar, como pode fazer para se sair de situações difíceis
e manter o equilíbrio depois é fundamental para que consigamos entender e
posicionar nossos limites.
Limite
não é ruim, ou viveríamos a barbárie. Limite interno como aquele respeito que
merecemos dar a nós mesmos. Saber o que queremos, como aguentamos melhor o dia
a dia, fazer nossas escolhas e respeitar. Quem se respeita e se valoriza, externaliza
isso e em troca recebe mais respeito dos outros, justamente por ter feito a si
mesmo primeiro.
No
trabalho ou em casa: não dá para assumir todas as tarefas do mundo, e muito
menos para assumir as tarefas que são de responsabilidade de outra pessoa.
Quando a gente faz pelo outro, tira a chance dele fazer.
Às
vezes nos pegamos emocionalmente envolvidos em situações difíceis que outras
pessoas estão passando. Se estivermos fortalecidos internamente, a consequência
é que estaremos com a cabeça no lugar para ajudar, e saberemos o que fazer que
realmente, se será uma ajuda útil para a pessoa, e não apenas para nos livrar
do mal estar de pensar na situação. Saberemos nossos limites, tanto financeiros
quanto psicológicos para construirmos uma ponte entre nós e a pessoa, e não
acabarmos indo para a mesma ilha que ela.
Trabalhar
no setor da saúde, e ainda mais em contato direto com os pacientes, exige
bastante preparo. Todas as pessoas que vem até aqui têm uma questão, uma
queixa: uma dor de dente, febre, dificuldade para respirar, precisa que a levem
para uma consulta em outra cidade, está transtornada psicologicamente, sofreu um
acidente com impacto ou está numa emergência.
Ela
vem buscar auxílio, e quem se propôs a trabalhar aqui precisa estar pronto para
oferecer esse auxílio. E só pode dar quem tem. "Ninguém dá a outrem aquilo
que não tem". Pode ser que o outro solicite e demande muito mais de nós do
que nos propomos, pode ser que o outro não esteja sendo respeitoso conosco
quando lhes passamos as informações, do tipo "precisa agendar, o doutor
está numa emergência", etc. E quem não está fortalecido com seus limites
internos, tem grande chance de sair machucado da situação, pois bastará o outro
vomitar suas reclamações, que a pessoa puxa tudo para si, e se contamina.
Fazer
as próprias escolhas, reconhecer seus limites de tolerância e respeitar a si
mesmo são atitudes que trazem uma satisfação muito grande, então quando se
propor a colocar e respeitar seus limites próprios, que seja feito com a
alegria de quem está no controle de si, de quem busca o equilíbrio interno.
Dizer
NÃO é importantíssimo quando temos um objetivo a alcançar; o que nos desvia de
nosso foco merece receber nosso 'não' de maneira consciente, educada e gentil. Quando
sabemos onde queremos chegar, fica mais claro o caminho a percorrer, os atalhos
válidos e os desvios que devemos evitar. Viver respeitando a si mesmo, leva a
resultados mais desejosos, muitas vezes que idealizamos.
Mas,
se ao contrário, temos dificuldade de dizer "não" de maneira
consciente, pode ser pelo quanto estamos perdidos e sem saber que rumo tomar,
pode ser porque temos a necessidade de sermos "bonzinhos" e queridos,
e tememos que um "não" quebre essa frágil relação, há quem pense que
um "não" irá agredir o outro. Se for dito de maneira agressiva, pode
até ser. Mas se dito de maneira gentil e ajudando o outro a procurar novas
alternativas, é bem vindo. Se vivermos procurando atender todos os desejos do
outro, nos sentimos desgastados e invadidos em nossas necessidades. Pessoas com
necessidade de autoafirmação tendem a se sentir feridas, frustradas e ansiosas,
e a longo prazo, com raiva de si mesmo e dos outros.
Há
quem não consiga dizer não pela "culpa" que sentirá depois, quando
ver o outro chateado. A culpa surge da impressão de que somos os causadores de
um dano indevido na outra pessoa. E isso leva muitas pessoas a agirem além da
conta, inclusive fazendo pelo outro o que seria papel e função importantes para
ele se desenvolver como pessoa.
A
análise primordial a ser feita é: tenho responsabilidade nisso ou com isso?
Posso ser útil com o quê nesse processo?
E
quando sabemos que estamos optando por uma coisa errada, que queríamos fazer
diferente, que aquilo nos prejudicará em alguma instância, que vai nos sugar as
energias, e ainda insistimos?
Saber
e viver - felizes - com nossos limites nos deixa mais livres para realizar as
coisas com sucesso, sem carregar culpa por não estarmos fazendo tudo para
todos. Conscientes de nossos limites, podemos mais, e não menos.
Dizer
sim para uma coisa, é necessariamente dizer não para outras, e o contrário
também acontece: quando dizemos não para algo, é um grande sim para outras
possibilidades.
Fazer
as próprias escolhas, colocar o regulador interno para funcionar, ajustar
consigo um pacto de vida feliz, amplifica nossas chances de satisfação. Se
deixar para o outro, o limitador externo, aumentamos muito a chance de
frustração. Nada e ninguém conseguirá nos agradar o suficiente, não como
gostaríamos, e isso abre portas para um processo de tristeza emocional
profunda.
"Dizer
sim quando quero dizer não é dar mais valor aos outros do que a mim, é não
colocar meus limites, e isso é não me respeitar. É o mesmo que dizer que o que
eu sinto não vale nada, que os outros podem passar por cima de mim à vontade. E
eles passam, sem dó nem piedade.
Hoje
estou aprendendo a dizer não. Quando não quero alguma coisa, simplesmente digo
não. Sem raiva nem emoção. Um não é só uma negativa. É nosso limite. Um direito
que temos de decidir o que desejamos ou não fazer. A isso se dá o nome de dignidade.
Quando nos colocamos com sinceridade, dizendo o que sentimos, somos
respeitados."
Zíbia Gasparetto
A
vida é o caminho, tudo está no caminho. Temos o ponto de chegada e partida como
certeza, e todos eles são a nossa inexistência aqui: antes de nascer e depois
de morrer, não há a vida da maneira que conhecemos. Então vamos aproveitar esse
caminho, essa viagem.
Sugiro
realizarmos uma lista da gratidão, onde coloquem TUDO, tudo o que se lembrarem
de coisas às quais são gratos. Faça a lista o mais detalhado possível: sou grat@
por ter alimento, sou grat@ por ter fome, sou grat@ por ter dentes, sou grat@ ...
etc. Reconhecer o que somos, temos e fazemos nos traz de volta à consciência e
nos aproxima de nossa essência.
Com
relação ao trabalho especificamente, sugiro um exercício capaz de nos
realinhar com nosso propósito inicial de termos aceitado essa condição. Porque,
se todos estamos aqui, um dia desejamos e/ou aceitamos essa condição.
Pergunte-se
o porquê de ter escolhido essa opção.
Veja
se ainda identifica-se com esse porquê. (às vezes tínhamos um sonho e
necessidade que já foram supridos e/ou realizados durante esse tempo)
Após
análise, reafirme seu compromisso ou passe a buscar novos rumos.
E
- enquanto isso - realize dignamente o trabalho. Com a gratidão de tê-lo,
enxergando sua utilidade na manutenção de suas possibilidades diárias:
financeiras, de contato com outras pessoas, de aprendizados para a vida.
Sugestões
de leitura e apoios para pesquisa: http://www.dialogopsi.com.br/voce-sabe-dizer-nao/
http://cocacolaquente.blogspot.com.br/2013/05/limites-pessoais.html?m=1
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