terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Fácil não é...

Conversando com uma colega recém-casada e que pretende ser mãe, comentei sobre o início da amamentação que minha Amiga está passando nesse momento. A colega recém-casada chegou em minha casa enquanto havia entre minha Amiga e eu uma troca de mensagens sobre a amamentação, o que fazer, onde procurar apoio, a 'culpa' por não sair da forma esperada, a opinião da pediatra, e muito mais. 
Aí eu me lembrei que as propagandas sobre maternidade que eu já assisti eram lindas, sempre com crianças mamando tranquilamente, e a mamãe sorrindo enquanto incentiva a outras mães a fazerem o mesmo. Não há mentiras ali, na minha opinião, há omissão de possibilidades: reais, frequentes e muito comuns. O bebê pode não pegar direito, seu bico pode ser invertido, pode doer, empedrar, rachar (cortar mesmo, de sair sangue e você ver sangue na boquinha do bebê), é preciso estar fisicamente e emocionalmente disponível para o momento, pode doer as costas, os braços e o pior... pode ser que seu bebê chore (aparentando fome), durma a cada encostada no peito e acorde toda vez que for afastado dele, pode não estar engordando como as famigeradas tabelas que alguns pediatras seguem, e pode não demonstrar tranquilidade e sensação de conforto como na propaganda.

"Epa! Tem algo errado aí!" O que as mães têm de 'bagagem' para amamentar? Se for uma propaganda de TV, ela logo vai achar que há algo de errado com ela, e infelizmente, nossa 'vergonha' de sentir que está fazendo algo errado faz com que calemos e nos retiremos. Se houve uma instrução boa, uma pesquisa boa, uma amiga ou profissional boa ao lado, a mãe logo vai perceber que há uma falha sim, mas é no comercial de TV, e não nela. Que a vizinha da vizinha e a mãe da mãe também passou por essas - e outras - que ela talvez nem passe, pois cada um tem sua história. Mas que, no fundo, só corroboram como testemunho de que calar, se culpar, se retirar e se envergonhar são o caminho certo para o fundo do poço, aquele terrível lugar onde podemos chegar ou ao menos nos avizinhar do chamado babyblues (junte cansaço e queda brusca de hormônios, com inexperiência e responsabilidade enorme por um novo ser). Ou seja, se não nos cuidarmos, há um risco de sentirmos muita tristeza e angústia num período que pode ser maravilhoso. Veja bem que eu escrevi "pode ser", e não "tem que ser", pois essa última frase carrega um peso danado... ela nos põe a obrigação de sentir algo. E você já tentou se forçar a sentir algo que não está sentindo verdadeiramente? Gostou??? Sabe, pra um monte de coisas, não há mistério para compreender, basta colocar-se no lugar do outro, colocar-se na situação como se a estivesse vivendo, e vê se pára de se cobrar e de cobrar os outros de que eles "tem que" alguma coisa...

Mas.... ao contar à colega (a recém casada, lembram? rsrs) que não era fácil amamentar, ela respondeu MUITO SURPRESA: "Não?". E ela é professora de criança pequena, assim como eu também fui antes de ser mãe e fui pega de surpresa na realidade. Mesmo o contato com os pequenos não nos dão o conteúdo 'ser mãe' de forma automática! Fiquei muito contente em poder dizer-lhe que não é fácil, mas que, em geral, são situações que passam logo, e que existem apoios. Bem, a mim foi de grande utilidade o grupo Amigas do Peito, que pela internet (pela leitura dos relatos, das perguntas e das respostas acolhedoras), muito me ajudaram.
Fico contente em poder viver a realidade ---- e não o ideal heroicizado ---- e lembrar às pessoas dessas coisas. Somos tão reais quanto podemos ser!

'Não ser fácil', no contexto a que me refiro, é uma afirmação que serve para acender o desejo de mais conhecimento, de ser capaz de se solidarizar (aos homens é importante saber disso!) e de encorajamento para passarmos pelos dias mais complicadinhos. Ou não há dias chuvosos ainda que em pleno verão?

(Escrevi sobre isso aqui, há mais de três anos.)
Imagem do site: amigasdopeito.org.br

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