O bebê fez ontem 4 meses!
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E há 2 dias acabou o prazo de minha licença maternidade.
A Organização Mundial da Saúde recomenda que todas as crianças recebam amamentação exclusiva com leite materno até os 6 meses de idade. Mas a gente volta a trabalhar após 4 meses...
Esse assunto é bastante delicado de se discutir por um motivo óbvio: o ponto de vista determina a visão do todo.
Há os que defendem o emprego, o capital que 'move' o mundo, e conseguem demonstrar quantitativamente a necessidade dessa volta da mulher ao trabalho.
Consequências: preferencialmente contrata-se homens ao invés de mulheres; encontra-se maneiras para 'acolher' o bebê de 4 meses fora de seu lar; são criadas alternativas para dar continuidade à amamentação, seja com fórmulas lácteas, seja com bombinhas para a retirada do leite materno.
A partir dele, outras necessidades e desejos surgem - trabalhamos mais para poder gastar mais, e como gastamos mais, precisamos trabalhar mais ainda para pagar... Ciclo sem fim e insustentável!
Toda a lógica do capital circunda sobre si mesma. Estávamos bem até que foi criada uma necessidade: vamos trabalhar para comprarmos aquele produto ou serviço ao qual desejamos.
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Ainda assim, dá-se preferência a essa maneira, pois leva-se para casa algum dinheiro... que possibilitará a compra de outros produtos e serviços.
Muitas pessoas pagam, com esse dinheiro, serviços e produtos essenciais, como aluguel, luz, água, gás, supermercado. Indiscutível a manutenção no emprego!
Outras, no entanto, foram criadas dessa forma e só passam a 'questionar' esse sistema quando está com um bebezinho nos braços: tarde demais para agir com planejamento.
Há os que defendem a natureza humana: nossos 'filhotes' precisam de cuidados por um certo tempo, que vai além de 4 meses...
Qualquer ser humano pode criar outro, não necessariamente tem que ser a mãe. Mas... se a mãe está viva e apta para tal, por que não ser ela? O vínculo é naturalmente muito forte!
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O exemplo dos pássaros é clássico e muito bonito: eles constroem o ninho, galhinho por galhinho, e depois que seus ovos e filhotes estão lá, vigiam, defendem se preciso, alimentam até que os filhotes tenham desenvolvido a capacidade de fazerem isso por si mesmos, e esperam pelo voo!!!
É uma analogia poética com a condição humana - a partir da visão de que somos e fazemos parte da natureza.
Existe também o desejo pessoal, muitas vezes confundido com a pressão social recebida.
Ouço de muitas mulheres "Se eu pudesse, teria parado para cuidar dos meus filhos."
Há também que diga "Parar de trabalhar é ruim pra mulher [na lógica do capital é mesmo], porque depois as crianças crescem e nem querem mais saber da mãe."
Hã? Quando as crianças crescem? Depois? E até lá?
Sinto que o tema tem avançado, mas com pouca reflexão a respeito. É muito comum, historicamente, que uma sociedade assuma o comportamento completamente oposto ao vivido até então, na tentativa de mudá-lo.
Antes, às mulheres era 'dever' ficar em casa. Hoje é 'dever' estar fora dela... 'Deveres' culturamente constituídos. Não há espaço para a escolha? A opção pessoal fica sufocada pela pressão do grupo mais próximo. Escolha algo diferente do que preza sua família e amigos, e ouvirá os mais diversos conselhos coercitivos.
Sair do mundo do trabalho por um período, por menor que seja, nos coloca em lugares menos privilegiados na fila ao voltar. Mas há o estudo, a experiência, a busca por atualização e o esforço de fazer o melhor de si diariamente.
A regra é válida para todos os casos: o afastamento dos filhos, por menor que seja, também compromete. Mas nesse caso, não há como 'retomar e atualizar', é só dali em diante...
Sei que estou muito pendente para um lado, estou passando pela situação agora. Mas com a certeza de estar tomando a decisão que vai ao encontro de uma opção pensada e planejada com muita anterioridade.
Financeiramente haverá mudanças: deixo de gastar gasolina, de precisar de um carro diariamente para trabalhar, de pagar seguro, IPVA, revisão e pneus. Também deixo de precisar de roupas novas para ir ao trabalho, de comer fora com certa freqüência, de pagar para outros fazerem o que eu não tenho tempo de fazer e de ter outros gastos. Ah! Deixo também de receber salário, mas considerando que a saída de dinheiro também diminuirá, a conta vai ficando mais equilibrada.
Gostaria que essa opção fosse possível a todas que desejassem, e sei que, infelizmente, não é.
Também há aqui uma boa dose de esforço pessoal e definição de prioridades.
"As pessoas se convencem de que a sorte me ajudou, mas plantei cada semente que o meu coração desejou." (Coração Pirata - Roupa Nova)
Foto: petragaleria.wordpress.com |
A semente foi cuidada e regada, esperando pacientemente o momento maravilhoso da colheita!
Aprendi que a Pausa é fundamental na construção de uma Música, pois som seguido de som forma ruídos insuportáveis - a buzina está aí para comprovar...
Estou seguindo minha natureza interior...
Sou grata por essa condição de Pausa!
Pelo planejamento e organização pessoal, pelo apoio do maridão, por todos os empregadores que tive, por conseguir abrir mão de várias coisas sem sentir um pinguinho de dor.
E especialmente sou Grata por poder acompanhar cada sorriso e gesto de um filhotinho de gente tão encantador!
Com certeza é um momento muito difícil, estou passando por isso agora também, pois estarei voltando agora no meio de maio, mas com uma dor muito grande no coração...beijinhos Pati
ResponderExcluira Pausa é MAIS que fundamental na construção de uma Música: ela FAZ parte da música. Muito lindo tudo que vc escreve.
ResponderExcluirAss.: Fã 8.009.876.876
Patrícia: Desejo que faça de cada momento com seu bebê, um momento especial! Um grande abraço!
ResponderExcluirSérgio? Ah... Acho que estou vendo: é aquele fã láááá atrás girando a camisa? =D
Muito obrigada, amigo!